Jose de Pontes Neto

Volta e meia vem a recordação de fatos históricos, situações e acontecimentos que mesmo com o passar dos anos e o fim do testemunho daqueles que viveram jamais poderão ser esquecidos, assim foi e é com o médico Jose de Pontes Neto.

Dr. Pontes Neto,Alfredo Machado e seu filho Afonso Celso

Médico, professor de Matemática, Física e Química e deputado estadual, Dr. Pontes Neto foi um dos baluartes da interiorização do ensino médico no Brasil. Em 1967, junto com o Diretor da Faculdade de Medicina, à época Dr. Waldemar Alcântara, foi realizado um estudo sobre a viabilidade de um Estágio Rural para doutorandos e médicos recém-formados.
Por sorte, contava Quixeramobim com a fé e a dedicação de um médico chamado Dr. José Pontes Neto, e, em 1968, saíram do Hospital Regional de Quixeramobim os primeiros doutorandos treinados no 1° Estágio Rural do Brasil, sob sua tutela, que os denominou com muito orgulho de “Os Voluntários da Guerra do Paraguai”. O Hospital de Quixeramobim leva o nome do médico. Eleito em 1947 pelo Partido Comunista do Brasil, na época PCB, o médico José Pontes Neto recebeu 4.295 votos. Junto com o pedreiro José Marinho de Vasconcelos, compôs a bancada comunista na Assembleia cearense.
Em seu livro “O PCB no Ceará: Ascensão e declínio de 1924 a 1947”, o professor Francisco Moreira Ribeiro destaca: “No curto período de 24 de fevereiro de 1947, a posse, a 08 de janeiro de 1948, quando têm os seus mandatos cassados, os deputados eleitos pelo Partido Comunista do Brasil à Assembléia Legislativa do Estado do Ceará têm uma atuação reconhecida como brilhante por seus pares”.

A bancada comunista da época  era conhecida como “porta-voz” da população, levando ao plenário as queixas e reivindicações da comunidade. Temas como melhoria de salários, condições de trabalho, preços de gêneros de primeira necessidade eram debatidos com os demais deputados. A análise política brasileira na época, reforma agrária, criação de uma indústria nacional e a luta contra o imperialismo também eram temas recorrentes abordados pelos deputados comunistas.
Pontes Neto foi um dos mais destemidos e brilhantes parlamentares do Ceará. Cassado pela revolução de 1964, sua foto foi banida da Galeria dos Presidentes da Assembleia pelas forças políticas então dominantes. Somente em 1977, por proposição do Deputado Osmar Diógenes, teve novamente restabelecido seu direito de compor a Galeria dos Presidentes da AL/CE, onde hoje permanece, honrando o quadro dos Administradores do Parlamento Estadual Cearense, do qual foi um dos mais notáveis integrantes. O Memorial da Assembleia Legislativa recebeu a denominação de Deputado Pontes Neto, numa justa homenagem ao parlamentar, médico e principalmente o humanista que foi. Pontes Neto viveu ate seus últimos dias em Quixeramobim.